quinta-feira, 2 de junho de 2016

Delinquência e o Submundo do crime

Delinquência Juvenil
A delinquência juvenil é um dos fenómenos sociais que está a afetar uma parte especial e sensível da população cabo-verdiana, tem ganhado contornos e dimensões alarmantes.
No mundo de hoje, as pessoas vivem com medo de sair as ruas, medo de enfrentar a sociedade, muitos até, com medo das suas próprias sombras. Ao sair para a rua, são obrigados a espreitar por todos os lados ao redor, fazendo uma volta de 360º, devido ao medo de serem atacados e agredidos pelos ditos “thug”.

“A Realidade do Ghetto”
De longe, com a aparência comum de uma casinha composta por uma janelinha e uma porta, que mais parece ser a porta de um armário da cozinha, onde está estampada a inscrição: “ Grupo Boston”, encontra-se o recinto onde o grupo se reúne para os seus banquetes, para pôr conversas em dia, traçar planos para ataques, odisseia e aventuras, mas também é o lugar onde fumam qualquer coisa. 

Segundo Rcik, (nome fictício), Este diz ter entrado no mundo da delinquência aos 14 anos, no ano de 2000, tendo pertencido aos primeiros grupos delinquentes na época. Abandonou os estudos e seguiu a sua vida como delinquente e mantém-se como tal até os dias de hoje.

“A mim o que me levou a entrar no mundo da delinquência juvenil, foi a realidade dentro da casa, falta de condições socioeconómicos, influência dos amigos, a falta de atividades para ocupação dos tempos livres. E até hoje não consigo superar esses problemas. Não consigo sair mais desta vida. Tenho 2 filhos uma menina e uma rapaz e não tenho outro meio para sustenta-los, a não ser roubar e atacar as pessoas dar “casubodi” sem dor sem piedade. Normalmente para dar “casubodi” costumo usar ferros, revólver, facas, gás e entre outros ferramentas. 

 Reforça ainda que, "o meu objetivo é de adquirir algo para mim e para os meus filhos. Já cometi tantos crimes que já perdi a conta, levei vários tiros, mas até então nunca fui para cadeia, e por isso não vou e nem penso em sair dessa vida, e muito menos abandonar “nhaghetto”. Não consigo ficar um minuto sem fumar “Txitxo”, ”conta Rick Tavares.
A revolta e o ódio são algo que permanecem e alimentam as suas almas. Para eles o mundo está cheio de inimigos, que a batalha contra o império deve se travar-se dentro das suas cabeças; o bairro onde vivem a vista é cega, o ouvido é surdo, o sabor é amargo, o sentir é áspero, e o aroma é enjoativo. O bairro onde vivem é clandestino, é dominado por eles e rejeitado por intrusos e difamado pelos outros. O mau olhar do policial não é nenhuma novidade para eles.

Contudo, a violência e a delinquência têm acompanhado o ser humano desde os primórdios e sempre estiveram presentes na história da humanidade, seguindo a evolução histórica da sociedade, desde os antigos gregos até às mais novas gerações. Neste mundo globalizado, infelizmente, os direitos humanos não estão sendo reconhecidos e respeitados por todos. E os que sempre sofrem os efeitos desse fenómeno, exigem uma vida sem intimidação ou ameaça, onde quer que estejam e dessa forma apelam à criação de condições para o bem-estar e segurança e mais dignidade humana. Se assim acontecer teremos certamente uma sociedade com outra face.

Nenhum comentário:

Postar um comentário